sábado, 10 de março de 2007

Parabéns Mulheres

“A participação da mulher hoje em vários segmentos da vida pública traz modificações profundas nas relações sociais e nos papeis desempenhados por homens e mulheres. Há mulheres em funções líderes em organizações empresariais, políticas, educacionais, ligadas à saúde, à ecologia, à arte.

Mulheres em movimentos de diversas naturezas, buscando maior respeito ao planeta, qualidade de vida, menos violência e menos fatores de stress”. *[1]

A mulher no limiar do Terceiro milênio

Sem dúvida nenhuma a mulher é o ser mais esplendido e belo de todas as obras que Deus já fez. É por essa e outras que venho neste mês homenageá-las, a vocês que são o elo de ligação entre Deus e a imanência terrena. Antes de começar esta dissertação, quero parabenizá-las por este Oito de Março, um dia dedicado a esse ser de constante luta e dor, mas que persiste na sua luta cotidiana para ter um merecido lugar à frente, mas ao mesmo tempo, ao lado, daqueles que por ocasiões são privilegiados economicamente em um sistema excludente e desertor dentro de uma ordem social.

Como tudo é historia e eu por ser um historiador, vamos pincelar porque se comemora o dia oito como o dia Internacional da Mulher.

Em Nova Iorque (com i e não com Y), em 1857 – não se esqueça que durante o século XVIII a Inglaterra fez uma transformação no seu modo de produzir e comercializar, foi à chamada Revolução Industrial, para ter um maior lucro e menos despesas, os donos de indústrias empregavam crianças e mulheres para trabalharem em suas fábricas; estes trabalhavam em condições subumanas de higiene, com longas jornadas de trabalho e com salários baixíssimos, sendo impossibilitados de terem uma vida mais longeva – operárias da indústria têxtil Cotton entraram em greve, reivindicando redução da jornada de trabalho para 10 horas diárias e o direito à licença-maternidade. Em represália, os patrões trancaram-nas na fábrica e atearam fogo, morreram 129 mulheres carbonizadas. O dia da tragédia foi instaurado para lembrá-las.

Bem, já esclarecido o porquê do dia oito, que tal fazermos uma análise do papel da mulher nos dias de hoje?

Antes de mais nada, vou logo dizendo que o que ponho logo a baixo, não constitui uma regra e sim uma tendência probabilística da sociedade que ainda se constitui.

Você já se perguntou por que sua mãe não tem os mesmos direitos de fato de que seu pai? Porque será que seu pai ganha mais do que sua mãe? E por que será que sua mãe tem de acordar cedo, ir pegar no batente, voltar para sua residência, e ainda ter que cuidar dos fazeres domésticos, ganhando muito menos que seu papai? Por que será que a legislação só considera trabalho toda relação entre aqueles que detêm os meios de produção e fazem deste uma negociação entre quem não às detêm? Será que o trabalho doméstico/familiar não merece ser considerado por parte das autoridades competentes que governam este país como uma relação assalariada? Você já se perguntou por que seu pai é tido como o “chefe de família”?

Mulher! Por si só já define o que é. Determinação, raça, perpetuação, dor, gozo, luta, amor, desamor, salvação, pecado... . Ela é a transubstanciação às reversas do movimento barroquista característico do século XVII.

O passado é a tua carteira de identidade. Quantos não foram os sangues derramados por tua causa e também, quantos não foram os teus sangues derramados por ter dito não, para aquele que queriam ouvir de ti o sim. O ditado diz que por de traz de um grande homem à sempre uma grande mulher, eu acho que não é bem assim, e sim: ao lado de um grande homem se sobressai uma grande mulher. A história factual registra apenas os grandes feitos de homens e coloca as mulheres como coadjuvantes, mas, todos sabem que se não fossem as atuações das mulheres nos reveses da história, talvez nem estaríamos aqui para contarmos historinhas. Quem nunca ouviu falar de Maria Madalena, Cleópatra, Carlota Joaquina, Elizabeth (Rainha da Inglaterra), Rainha Margoth, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Daiane, Luisa Erondina, Marta Suplicy, a prostituta do teu bairro, aquela que tirou o cocô quando tu eras pequeno, ou aquela que cuidou de teu ente querido na hora em que você estava ausente; enfim são muitas as personalidades que fizeram e fazem com que a roda da historia não deixe de parar. Mais saiba que ainda falta muito a se conquistar, não de forma egocêntrica e sim juntos. Homem e mulher, de mãos dadas pela história, confrontando todo tipo de espoliação, miséria, mentira, injustiça, preconceito, lavagem cerebral.

Neste mundo neocolonizador, com sua barbárie Neoliberal, a mulher se encontra presente neste pergaminho, neste calvário social, para obter sua dignidade e mais, ter o seu merecido reconhecimento de que por direito e acima de tudo é necessário ser MULHER.

“A mulher no terceiro milênio é, sem dúvida, uma mulher em busca do prazer do trabalho criador, abraçando a conquista de construir-se a si própria” (Berenice Sica Lamas).

Felizes dias a você mulher! Meu especial beijo a minha mãe.



[1] * SICA LAMAS, Berenice; Psicóloga, Escritora, professora da Faculdade de Psicologia da PUCRS. Mundo Jovem, março de 99, pág 07.