terça-feira, 7 de maio de 2013

A verdadeira face da exploração capitalista


No final do mês passado, o desabamento de um prédio onde funcionavam várias fábricas têxtis, que empregava em torno a 4.500 operários, a maioria mulheres, deixou exposto a situação de semiescravidão dos trabalhadores de Bangladesh, o segundo maior exportador têxtil do mundo, somente atrás da China. O saldo até agora é mais de 700 trabalhadores mortos, centenas de mutilados, mais de 200 desaparecidos e milhares de feridos.
Bangladesh é um dos paraísos do capitalismo parasitário. Às condições de trabalho subumanas se somam isenções de impostos. São quase 5.000 fábricas que empregam quase 4 milhões de operários que recebem menos de US$ 40 por mês (3.000 takas) por 54 horas de trabalho semanais, e estão submetido a todo tipo de abusos, como a necessidade de fazer horas extras (sem receber nada) para cumprir as quotas absurdas impostas pelos patrões. A produção é destinada à exportação, principalmente aos Estados Unidos e à Europa, totalizando US$ 17 bilhões anuais, que representa 80% das exportações totais.
Trata-se do terceiro acidente com mortes nos últimos seis meses. Antes deste acidente, o número de mortos desde 2005 somava 700 e o de trabalhadores feridos e mutilados ultrapassava os 2.000. Em dezembro, 110 trabalhadores morreram queimados, além de centenas terem ficado feridos, na fábricaTazreen Fashions que produzia para o Carrefour, Wall Mart, C&A e Disney, entre outras.
Duas das fábricas que funcionavam no prédio tinham sido auditadas recentemente pelo BSCI (Business Social Compliance Iniciative), que representa os principais monopólios que controlam o setor, sem nenhuma irregularidade ter sido reportada.
Segundo o sindicato IndustriALL, com sede na Suíça, que reivindica representar 50 milhões de trabalhadores no mundo, uma camiseta que é vendida na Europa por € 20 tem um custo laboral de ridículos € 0,15.
A situação em Bangladesh está muito longe de ser uma exceção, mas representa precisamente a norma do chamado mercado manufatureiro asiático.

O ascenso do movimento operário

Após o desastre, a maioria dos trabalhadores das quase cinco mil fábricas têxtis entraram em greve. A luta foi se radicalizando com piquetes que mantêm bloqueados os acessos aos distritos industriais mais importantes, gigantescas manifestações, que provocaram a paralisia da capital, Dhaka, e enfrentamentos com a polícia. Até o momento, em torno a 20 pessoas foram mortas pela polícia. As manifestações do 1o. de maio foram as maiores da história do País.
O verdadeiro levante da classe operária de Bangladesh retoma a enorme greve no setor têxtil de 2009 quando o colapso capitalista nos países desenvolvidos provocou a paralisia do setor e levou ao fechamento de fábricas e ao calote no pagamento dos salários. A situação foi contida com a retomada das exportações devido aos mecanismos de contenção montados nos principais países sob a base da inundação do mercado com crédito. Esses mecanismos se esgotaram no ano passado e não há a possibilidade de coloca-lo em pé de novo devido ao gigantesco endividamento público e privado.
O movimento grevista tem sido uma constante em toda a Ásia devido à enorme superexploração. Esse é o principal motivo que explica o aumento do salário médio dos trabalhadores chineses de US$ 30 na década de 1980 para US$ 230 e de US$ 40 em 2007 para US$ 90 no Vietnam.
O aprofundamento crise capitalista tem elevado o parasitismo a nível nunca imaginados, pois somente dessa maneira consegue gerar lucros, às custas da maior devastação das forças produtivas da história da humanidade.

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