quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

América Latina em Revista

Hugo Chávez tomou posse para um novo mandato como presidente da Venezuela, prometendo radicalizar a sua "revolução" e fazer estatizações. "Juro por minha pátria que não darei descanso a meu braço, nem repouso a minha alma, que entregarei meus dias e minhas noites e minha vida inteira à construção do socialismo venezuelano, à construção de um novo sistema político, um novo sistema social, novo sistema econômico", disse Chávez, no modesto ato celebrado na Assembléia Nacional. "Pátria, socialismo ou morte, juro."

Quando eu entrei para a Universidade de História na UESB não sabia perfeitamente ou bem mais detalhado o que era Socialismo, Anarquismo, Anarco-sindicalismo, Comunismo, etc. Li muitos livros sobre estes assuntos, discutimos, analisamos, fizemos fichamentos, resumos, resenhas, seminários, enfim, cada aluno tirava as suas conclusões espontaneamente, mas com caráter científico. Uns eram mais radicais, tinham professores que também eram bastante radicais, outros mais observadores e menos afoitos, outros que não achavam essas teorias corretas, portanto, eram um universo de idéias rodopiando no ar. Mas o que concordávamos e concordamos, sejamos acadêmicos ou não, é que o mundo precisa melhorar, a paz deve ser o objetivo máximo de nossos esforços. O socialismo, com todos os seus extravios de exemplos eram o que mais nos chamavam a atenção, assim como o anarquismo.

O que diz então o Socialismo: diz que a finalidade do caminhar humano é o igualitarismo, a linear distribuição de bens e serviços, uma vida de igual para todos, eliminação da propriedade privada, um mundo onde não possa existir burgueses exploradores de mão-de-obra barata, onde todos possam ter iguais condições de vida digna. O que Hugo Chávez deseja é que não somente a Venezuela atinja esse estágio, mas também a América Latina. Que esta não seja curral, ou consumidores estático dos Norte-americanos. Essa idéia já vem de muitos tempos atrás, bem antes até mesmo de Simon Bolívar - militar venezuelano e líder revolucionário responsável pela independência de vários territórios da América Espanhola.

Claro que Bolívar não era Socialista, até porque ele morreu antes de Karl Marx escrever o que pensava do mundo capitalista isso no século XIX. De lá pra cá a AL passou por vários governos e por um longo tempo de Ditadura Militar, onde as individualidades e manifestações artísticas e o livre pensar eram ferrenhamente proibidos e castigados com suor, lagrimas e morte. Quando esse período cessa, ressurgem líderes populares querendo refazer as idéias de ver a AL unida e forte- atualmente quem incorporou isso foi o Chávez.

"As pessoas votaram pelo rumo do socialismo, as pessoas querem e exigem o socialismo, e a pátria precisa de socialismo", disse Chávez. Alterando a tradição, ele preferiu passar a faixa presidencial sobre o ombro esquerdo, ao invés do direito, no que seria um símbolo das suas credencias socialistas. Fico às vezes perguntando se o mundo cabe a forma tradicional do que concebemos como socialismo. Será que Chávez idealiza isso de forma utópica sabedor de que na materialização isso não venha acontecer devido a essas políticas globais e sem pátria? Será que não é só um sonho egocêntrico de sua parte, já que as potências econômicas jamais permitirão tal acontecimento? E o povo que sempre busca um melhor coletivo, esperançoso que é, alimenta essa esperança em um líder que fala sua língua e seja popular, acredita mesmo que isso venha acontecer? Não sei, o que sei é que Chávez sabe usar isso muito bem e tanto é que foi reeleito por enormes quantidades de votos – e quer se perpetuar no poder.

Na posse, ele citou passagens bíblicas sobre a distribuição de riquezas, mas não deu detalhes sobre seu plano de nacionalização das empresas de serviços públicos. Os investidores estão ansiosos por saber se ele quer que o Estado tenha a maioria das ações ou 100 por cento do controle. Hugo recentemente diz que o seu sonho (entende-se também o de seu povo, será que é mesmo?) é que o Estado seja o dono de tudo, até mesmo do que deve ser passado nas emissoras de comunicação e sem a presença alienatória de outras mídias televisivas, jornalística ou seja, dos meios de comunicação (em seu discurso ele disse que quer nacionalizar a CANTV, maior empresa venezuelana de telecomunicações).

Chávez, que recebeu 63 por cento dos votos em dezembro, já admitiu sua intenção de mudar as regras para permitir reeleições indefinidas. Na posse, ele reiterou sua intenção de buscar poderes que lhe permitam governar por decreto em algumas questões. Esse é outro ponto polêmico, a perpetuação do poder. Alguns países já tiveram experiências iguais a essa em que ora quem ficava no poder era uma pessoa ou as pessoas do mesmo partido – exemplo disso foi à Rússia, China, Cuba. Esses exemplos foram para países que queriam o comunismo como metas, mas tiveram países que queriam a mesma rota de se perpetuar no poder através do capitalismo e até mesmo das forças armadas. A oposição acusa o presidente, no cargo desde 1999, de tentar transformar o país, quarto maior exportador de petróleo para os Estados Unidos, em uma economia centralizada no estilo cubano.

A proposta de Chávez para o gás amplia sua política de gradualmente passar o controle do setor energético ao Estado. Ao abrir novas frentes contra a mídia e as concessionárias de serviços públicos, Chávez pode estar buscando dois setores que iriam completar seu controle estatal- já que ele também domina o Congresso, o Judiciário e a estatal de petróleo PDVSA. As pesquisas mostram que os venezuelanos em geral vêem com receio as expropriações de patrimônios privados, mas apóiam a nacionalização de empresas se isso for do interesse nacional.

Este panorama está apenas começando, vamos ver como os EUA, Europa e Ásia vão se comportar frente a isso, principalmente o Brasil que é o maior responsável pela economia dos países sulamericanos. O Presidente Lula ver com bons olhos o governo de Hugo Chávez, porém não sabemos até quando essa boa vizinhança vai permanecer. Petróleo ainda é a bola da vez na economia mundial, até porque os EUA são os principais compradores da Venezuela e eles (UEA) são insuficientes nessa riqueza fóssil. Mas está chegando o próximo passe que desembocará nos setores energéticos e de sobrevivência humana que é a Água e a Floresta Amazônica. E nós temos que ficar atentos e lutar pela nossa e das futuras sobrevivências do ecossistema global.

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