segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Análise do fim do ano.


Professor Wagner Freitas - wagaoprofessor@gmail.com

Data: 03/01/2007

Anti-véspera de Reveillon, estou aqui analisando a vida e achando o propósito de se comemorar ou não o ano novo. Mas que ano é novo? Porque acreditamos que existe realmente uma ruptura e tudo se passa e algo se começa? Por que as pessoas se inspiram de afetividade e esquecem até mesmo de que nós seres vivos pensantes não prestamos. Ilusões, podemos sintetizar isso tudo nessa única palavra: ilusão.

Ando pelas ruas e encontro o valor humano sendo descartado da vida. Minhas visões demonstram que a vida também é amarga. Crianças e idosos abandonados, pedintes, roubos, drogas, marquises sendo disputadas a tapa, ameaças, violências, mortes, a razão sendo sobrepujada pelo imediatismo do poder e da arrogância. Como pensar que ao acordar tudo isso será mudado se não fazemos nada? O homem burguês tem medo do seu semelhante físico, finge que não vê, abnega-se, cria o seu mundo de prazer e êxtase, os renegados da margem social não fazem parte disso e eles querem ser vistos e ouvidos.

E aí aumentam as violências opostas, não mais a violência de briga cometidas nas festa de boy, e sim a violências de trânsitos, de ruas, do futebol, das drogas, do desrespeito. Porque a sociedade vira a costa para essa turma. Então eles dizem “olha eu existo e se vocês não me querem por perto eu chego até vocês do meu jeito”. Isso é uma construção social, fizemos isso. Criamos isso. E agora temos que criar ou então seremos esmagados por nossa própria criação.

Ano Novo. Como Novo se teremos as mesmas dificuldade de antes acrescidas do agora? Os anos foram estipulados pelos historiadores para facilitar os estudos, entender melhor as fases humanas. Existem vários calendários: cristão, muçulmanos, indígenas, hinduísta, Judeu, etc. Mas os anos são um só. São sucessividades de anos e não apenas anos separados, a história não é sozinha, é conjunta. Então por que entramos nessas idéias? São as regras do poder dominante, desde o grande capital financeiro/especulativo ao poder da mídia, ambos se completam. O comércio necessita de gente que pouco pensa e muito compra. Inventam-se dias comemorativos para enriquecer mais bolsos e ações. A regra é simples: seja qual for o estado de espírito humano (alegre ou triste) temos ofertas variadas, desde objetos que te façam felizes à simples ação de ligar um televisor.

Entendo que a contagem de mais um ano serve para revermos conceitos, reavaliar atitudes, idéias, injetar ânimo nas mudanças. Nesse sentido isso é positivo. Mas comemorar por comemorar porque uma gama de gente acha conveniente, sem levantar questionamentos, propor metas, querer mudanças sociais ao invés de apenas pessoais, é ser levado por uma enxurrada de desilusões e ignorância concêntrica. E como será a virada de ano para os enfermos, os enjaulados, os extraditados, os sentenciados a morte, as crianças em situação de vulnerabilidade social, os asilos, as famílias que não tem o que comer, os sem tetos e sem terra, os viúvos e as viúvas, os órfãos.Como todos esses irão comemorar – o que comemorar?

Que venha mais um ano e que nesse todos nós possamos refletir na vida, perceber no nosso semelhante nós mesmos, ver os nossos erros pelos olhos dos outros, apontar mais para si do que para o outro, objetivar sucessos para todos, dignidade, esperança, alegria, fraternidade e muito amor ao próximo. Perdoar, precisamos aprender a usar mais isso, exercitar mais essa frase. Precisamos ler, ouvir boas músicas, precisamos desligar mais as televisões e internet de bate-papo. Temos que viver, ir pra rua e enxergar o nosso semelhante, as dificuldades deles e tentar ajudar de alguma forma, temos que nos movimentar. Aí sim, iremos realmente ter não um ano novo e sim uma vida nova, um ser novo, para enxergar um ano novo. Pense nisso!!!

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