segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Abril: mês dos aborígines, Cabral e Tiradentes

Professor Wagner Freitas

Data: 29/04/2005

Durante a semana passada estava eu pensando o que escrever para a matéria. Como eu sou maluco de vivência, pensei em fazer um encontro entre os três momentos comemorativos do mês de Abril (dia do índio, achamento do Brasil e Tiradentes). Pensei em abordar essas esferas, representadas pelos Tupi-Guaranis, Cabral e Joaquim José da Silva Xavier. Portanto vejamos.

O que os três têm em comum? Podemos dizer que os três têm uma historiografia falseada devido às ideologias dominantes impregnadas principalmente durante os séculos XVIII e XIX. O século XX também levou essa herança no começo, mais logo depois, foi observada com olhares críticos e revisto os fatos acontecidos.

O Brasil não foi descoberto, isso já não é mais novidade, assim também podemos observar que tanto o índio como Tiradentes nunca foram realmente heróis dessa Nação. O período Romântico do século XVIII europeu tentou vangloriar os seus heróis das tábulas e reinados da Idade Média. Como no Brasil não existiu essa fase da Idade Média, a elite procurou enaltecer o índio como o herói brasileiro (1ª fase do romantismo), a exaltação desse “brasilianíssimo” puro e belo.

Em relação a Tiradentes, no primeiro momento, a classe dominante letrada não via com bons olhos enaltecer a figura desse revoltado, achava que ele seria mau exemplo. Com os idos dos tempos, e com as leituras burguesas de transformação social, procurou-se na figura de Tiradentes o exemplo de homem que lutou contra a dominação portuguesa – que na verdade não foi bem assim.

Já Cabral foi até a pouco tempo tido como o grande homem que descobre o nosso território e tira-nos dessa barbárie natural. O homem que veio para civilizar a nossa gente. O navegador que enfrentou o desconhecido para ir além Tejo. Foi também tido pelos intelectuais como o nosso herói.

O Brasil é cheio dessa ideologia de se ter heróis/reis. Tem que se ter rei do futebol, dos baixinhos, de estilos musicais, entre outros. Vivemos em uma república e ainda se pensa com idéias monárquicas. Essa busca constante por heróis é que faz do Brasil uma nação em construção, e por estar em constante construção busca-se a identidade em alguns exemplos que se destacaram na história.

O verdadeiro, ou melhor, os verdadeiros heróis é o povo brasileiro que até hoje resiste à dominação burguesa, e luta para se ver livre de julgo. Esse povo que busca construir uma Nação plural e democrática, em que as desigualdades e as diferenças econômicas sejam abolidas definitivamente.

Não temos e nem precisamos de heróis, principalmente retratando-se de política. Nunca houve um herói brasileiro que transformasse a condição social do povo brasileiro. Não vivemos em contos de fadas ou romances medievos. Vivemos sim em um país subjugado e dominado por uma elite econômica que não quer ver dividido de forma justa a renda desse país.

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