segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

O mês de maio começa com um grande acontecimento que é justamente analisarmos o dia do trabalho e fazermos inúmeras indagações sobre esse dia. Um dos maiores problemas que enfrentamos ainda é o fenômeno do desemprego. As grandes maiorias dos brasileiros sofrem para ter o emprego e principalmente ter estabilidade no seu emprego. São vastos os problemas de emprego-desemprego neste imenso território. Outro momento crucial deste mês é o dia 13, tido pelo calendário oficial como o dia da abolição da escravatura. Esse é outro fato que merece ser esclarecido e ampliado – quais as formas de escravidão que vivemos hoje? Tivemos também a greve de fome do futuro candidato a presidente da república pelo PMDB o Antony Garotinho, a escalação oficial da seleção brasileira de futebol e por fim até o momento as ondas de violência causadas pelas hordas carcerárias de São Paulo e os delinqüentes marginais do tráfico. O objetivo é tecermos um pequeno comentário sobre esses episódios do mês de maio de 2006.

O dia do trabalho foi difundido no mundo devido aos protestos ocorridos nos Estados Unidos no final do século XIX. No dia 1 de Maio de 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de centenas de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de alguns protestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.

Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersa pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.

A 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países.

Pois bem, depois desses acontecimentos históricos e analisando hoje em dia, percebemos que muita coisa mudou em relação à jornada de trabalho e direitos trabalhista – no Brasil Getúlio cria as leis trabalhistas. Mas problemas novos foram também surgindo com as transformações do trabalho moderno, é o caso de quem trabalha com o computador, essa máquina que moldou os trabalhadores a se aperfeiçoarem na área e com ela também vieram doenças como a Le (doença criada por esforços repetitivos). Mas muito está para ser feito nesse campo, como a proposta de redução da jornada de trabalho para contratarem mais trabalhadores e diminuir o mercado informal que assola o nosso país.

Associado a isso, ou seja, além da luta de classe, existe também a luta social. As pesquisas mostram que no montante sobre o desemprego, são os negros que compõem a maioria. Aqui a luta pela sobrevivência é muito mais do que competição de classe, passa também pela discriminação, racismo e pelo preconceito de cor. Fica mais difícil ainda arranjar um bom emprego e viver bem – se que existe isso no nosso país – se for mulher-negra, mulher-nordestina e mãe-solteira. A escravidão de hoje tem outros rompantes, é como diz o jornalista Marcel Leal, do jornal A Região de Itabuna BA:

“Ontem os escravos eram bem definidos: negros vindos da África, vendidos por outros negros aos brancos que faziam o transporte até o Brasil.

Hoje a escravidão continua, mas disfarçada e com formas variadas. Existe muito trabalho escravo, vitimando brancos e negros em fazendas (até de deputados) e empresas.
Existem os escravos da corrupção, que não vivem sem receber ou pagar uma propina, sem ganhar em cima da perda da sociedade, sem receber vantagens que não merecem.
Existem os escravos da moda, que não podem viver se não comprar o vestido de grife, se não botar o piercing, se não fizer a tatuagem, se não usar a roupa certa.
Existem os escravos do consumo que "precisam" ter o carro de luxo, a TV de plasma, a boneca que fala, a geladeira que acessa a internet, o tênis que pisca.
Existem os escravos da vaidade, que fazem plásticas quase mensais, que tiram a barriga no bisturi, que desfilam o colar de ouro mesmo se arriscando a perder a vida num assalto.
Existem os escravos do poder, que não vivem sem bajular um poderoso, sem lamber as botas de um coronel, sem agradar corruptos eleitos.
Existem os escravos da inveja, que não suportam a vitória dos outros, mesmo que sejam amigos, que torcem para que tudo dê errado, para o fracasso.
Existem os escravos da falta de fé, que não crêem em vidas futuras.
Existem os escravos do orgulho, que se acham mais que todo mundo.
Para eles nenhuma lei áurea dá jeito, não podem se salvar a não ser mudando e quebrando os grilhões mentais que os seguram.
Por isso não vou falar nada sobre o Dia da Abolição da Escravatura”.

Nesse meio todo teve o Garotinho da Rosinha. O nome é apropriado para a própria pessoa, é realmente um homem por se fazer. Achando-se injustiçado com alguns meios de comunicação, especificamente jornal o Globo e revista Veja, resolve fazer greve de fome em companhia de sua família, no qual constantemente o ajudam, dando-lhe água e esporadicamente soro. O seu partido é dividido, uns apóiam a candidatura dele ou a candidatura única e outros apóiam a não candidatura para a vaga de Presidente da República. Nessa corda bamba o garotinho segue choramingando e querendo apoio dos fies protestantes para seguir sua carreira de bebê chorão. Vamos ver aonde isso vai chegar.

E nesse bojo surge também o que tantos queriam ver e ouvir do técnico da seleção de futebol Carlos Alberto Parreira – os definitivos jogadores que irão participar da Copa do Mundo de 2006. Não foi de muita surpresa o que se viu, na verdade já se esperava o que ele escalou, com exceção de Rogério Cenin (goleiro do São Paulo), Fred (ex atacante do Cruzeiro). Agora é torcer pra ver no que vai dar, acredito que só perderemos a copa se deixarmos levar pelo excesso de estrelismo. É necessário dizer também que mesmo com acontecimentos paralelos, não podemos de criticar os acontecimentos político-sociais que por vier, mesmo se superarmos a copa de 70.

Como a vida não pára para apenas gozarmos dela, surge então os focos isolados de violência em São Paulo. Na verdade esse foco é diário e em todo o estado brasileiro, o que vimos foi apenas uma concentração maior em pouco espaço de tempo e a mídia dando ênfase eloquentemente aos bandidos e seus séqüitos. Analisa-se também que o sensacionalismo evidencia o fato de “heroísmo” dos bandidos, eles se acham importantes, tanto que incomodam a sociedade ordeira. Temos que analisar os fatos mais racionalmente, ver o porquê dessas atitudes, o que eles reivindicam, como estão “vivendo” em suas selas; mas isso também não os dão direito de desesperar a sociedade brasileira e cometendo crimes contra a população. Temos que ser mais enérgicos com as nossas leis, aprovar soluções que viabilizem o bom convívio entre aqueles que comentem delitos e a sociedade que segue seu curso de forma “pacífica”. Não vamos fazer disso um Show de Truman, exibir nas telas sucessos e percas, vitórias e derrotas de ninguém, temos sim que discutir mais afinco sobre essas situações e levantar um amplo debate, associados as mobilizações civis.


Por: Wagner Freitas.

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